IMB - Indú$stria Médica Bra$ileira




Ao necessitar de um médico, a gente sempre lembra do especialista, daquele que há tempos confiamos o nosso problema. Mas hoje em dia não sei se existe o mesmo profissionalismo e amor a profissão que eu via há anos atrás. Maior exemplo ocorreu
agora pela manhã. Acho que o médico poderia mais ser comparado ao maior mercenário que já existiu, onde quem paga mais tem prioridade para o atendimento quase que imediato.

Passei a mão no telefone e no meu caderninho da Unimed e disquei o número do grande especialista que me atendeu há 5 anos:

- IMB, bom dia!
- Bom dia, consultório do Dr. Denard, por favor.
- Um instante.
[dois toques me separavam do momento o qual já esperava há 5 dias]
- ALÔ!!
- É do consultório do Dr. Denard?
- Sim.
- Ótimo! Fui cliente, ou melhor, paciente dele há mais de 5 anos, na época que o hospital não era dele ainda. Estou de passagem pela cidade e precisaria urgente de uma consulta, pois amanhã retornarei à minha cidade.
- Hmmmm. Qual o convênio?
[Numa fração de segundo me passa mil coisas pela cabeça: qual o convênio? Por que sempre perguntam isso? Aposto que ela vai me enrolar de novo? E se eu falar que é particular e na hora fazer uma surpresa? Vou ser Honesto que é melhor!]
- UNIMED!
[Em meros 19 centésimos de segundos ela ativou a resposta que deveria dar assim como se fosse uma secretária eletrônica programada para atender ao segundo toque]
- Senhor, infelizmente, a agenda do Dr. Denard está completa, me passa o seu nome e telefone que assim que alguém desistir eu ligo para o senhor.
- Eu não tenho pressa não. [Falei em tom irônico] Posso aguardar até amanhã sentado na sala de espera até que ele me atenda.
- Infelizmente não temos essa prática senhor.
- Obrigado. [Respondi em tom fúnebre]

E se eu tivesse dito que era particular? Que eu pagaria mais que o meu convênio se dispõe a pagar em uma consulta de aproximadamente 12 minutos, entre a primeira conversa, o raio-x, o retorno, o novo atendimento, o veredicto e o tempo necessário para preencher o receituário e a indicação de cirurgia.
Tenho certeza que nesses 12 minutos e 27 segundos, ele receberá o dobro do que eu deixaria de receber a cada 50 minutos de espera pra ser atendido por ele mesmo. E mesmo assim parececeria pouco em vista do que receberia caso não fosse por convênio algum.

Assim como existem professores que trocam seus ideias pelo colégio que paga mais, assim como uma garota de programa troca um cliente honesto e sensível por aquele rude que a espanca, mas paga o dobro, os médicos têm se vendido para aquele disposto a pagar mais. Fico imaginando o que ensinam nas aulas de ética durante a faculdade hoje. Fico imaginando por que não trocam o nome do curso para administração médica e hospitalar.

Acho que isso me faz pensar onde anda o humanismo? por que tudo o que é moral e ético se torna romântico, e não apenas um código de conduta?

Gostaria de começar a mudar o mundo, mas não posso sequer dizer nada, tendo em vista que também já prostituí meus ideais assim como todo ser humano do mundo contemporâneo que, assim como judas, necessita de um punhado de moedas para sobreviver. Mas isso já é outra história.

Comentários

Anônimo disse…
É lamentável mesmo ... sou mais uma das prostitutas do saber ... rs ...
Anônimo disse…
Ótima crônica, Fábio, você ficou inspiradíssimo com esse acontecimento "médico". Muito boa mesmo! Gostei muito da sua argumentação no final. Tudo a ver! Beijos!!!

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